sexta-feira, 25 de maio de 2012

RELATO DE EXPERIÊNCIA


Eu que procurava em sites uma matéria sobre violência de gênero e raça ocorrida na cidade de Cachoeiro de Itapemirim para publicar neste Blog, vivenciei uma experiência no mínimo revoltante e vou relatá-la aqui.  Como todo o dia no mesmo horário estava no ponto esperando o ônibus para voltar para minha casa depois de um dia de trabalho, derrepente ao olhar para o lado percebo uma mulher sentada no chão com a cabeça entre as pernas, senti que era uma situação diferente, por isso fiquei olhando pra ela, mesmo tentando manter a discrição. Em determinado momento ela levantou a cabeça e secou os olhos lacrimejados, então não consegui me conter e fui até ela. Ao abordá-la me abaixei e ficando diante de seu rosto perguntei se precisava de alguma coisa, no primeiro momento se mostrou desconfiada, disse que estava ali só pensando na vida, foi quando percebi que seu rosto estava marcado como se tivesse sido profundamente arranhado, reclamou também de dor no braço, mas depois revelou que o maior ferimento estava dentro dela, seu coração estava dilacerado. Foi agredida fisicamente por seu marido, me contou que residia em outra cidade, veio bem cedo para registrar queixa contra seu agressor na Delegacia de Mulher, só tinha comido um pastel até àquela hora, mas relatava medo de voltar pra casa. Naquele momento respirei fundo e como num flash Bach me lembrei de tudo que estudamos nesse curso, principalmente do que está valendo a pessoa humana, aquela lágrima que escorria representava toda a falta de respeito, referência, cidadania, mas também significava a falta de políticas públicas. A história daquela mulher se assemelha a muitas outras que não estão expostas em um site, às vezes nem registradas como ocorrência, mas existem e são frequentes! Aqueles arranhões significam o peso da mão do opressor, de uma sociedade ainda sexista que ainda pauta suas ações como se existissem atribuições naturais para homens e mulheres, sendo esta desvalorizada em nossa cultura e tida muitas vezes como objeto. Além disso, a violência que aconteceu em ambiente familiar afetou também as crianças residentes na casa, indivíduos que estão em fase da construção de sua personalidade, como eles reagem a essa realidade? Será que podem manifestar toda essa violência que vivenciam na escola? Como eles aprendem a lidar com o que é considerado diferente? A discussão desse tema perpassa o que é passível de ser visto, alcançando o tema deste blog que é Igualdade de gênero, raça/etnia na educação formal, Família, hierarquias e a interface público/privado, ela pode e deve ser ampliada, pois a voz da justiça não pode ser reprimida. Reflita que denunciar o agressor não é uma forma de vingança, é uma maneira de se proteger contra outras possíveis ocorrências, de evitar consequências piores para a vítima e para família, forma de facilitar o serviço do poder legislativo, mas também é uma forma de ajudar o agressor, pois assim, ele pode uma oportunidade de mudar de postura. Digamos que todos/as nós somos responsáveis por promover uma sociedade não opressora, dito de outro modo, a injustiça social deveria tocar-nos, da mesma forma como sentimos a nossa própria injustiça.

Saiba como procurar ajuda:
DELEGACIAS ESPECIALIZADAS DE ATENDIMENTO À MULHER:
Delegacia da Mulher - Cachoeiro de Itapemirim - Tel.: (28) 3155-5084
Endereço: Rua 25 de Março, nº 150, Centro, Cachoeiro de Itapemirim. CEP: 29300-000
Central de Atendimento à Mulher – ligue 180. Trata-se de um programa do governo federal. As ligações são gratuitas de qualquer parte do país.

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